Conversando com meu irmão mais velho, conhecido como Paulo da Farmácia, bom de prosa e odisseias, ele me contava suas aventuras diversas na Praça Getúlio Vargas e em meio a tantos causos, creio que na maioria verdadeiros, o mesmo me relatava como era a praça antiga antes da construção de 1969.

Era um espaço grande onde as pessoas ficavam circulando de um lado para outro, por isso era chamado de Vai e Vem, mesmo nome dado depois a um bar e restaurante que funcionava também na praça.
Antiga Praça Getúlio Vargas – Piritiba

Pois bem, a praça nova foi inaugurada em 1969 pelo então prefeito Joaquim Sampaio Neto (Quinzinho), 15 anos após a emancipação do nosso município, portanto completando mais de meio século no ano de 2020.

No projeto original a praça em forma de um avião com o monumento a Getúlio Vargas ao centro era a típica praça de uma cidade interiorana, rodeadas de flamboaiãs, os canteiros cheios de mandacarus, os azulejos coloridos dos bancos, a casinha com a Televisão preto e branco de válvula, o serviço de alto-falante, o famoso poca-calçola,  os pés de mija-mija, e outras flores que enfeitavam o espaço. Ao redor tínhamos o Bar Senadinho, o Bar de Beto, o Vai e Vem, o bar de Parrudo, a lanchonete de senhor Homero e dona Gabi, o bar de Zeca Buião na esquina, a Igreja Católica, o cinema de Marotinho que depois se transformou no Teatro Municipal, entre outros atrativos.

Os personagens presentes na praça eram magníficos: dona Gabi sendo dona da lanchonete e fotógrafa oficial; Gatimonha com seu carrinho de doces; seu Cafuti com o melhor acarajé da Bahia que tinha um tempero especial que não cabe falar aqui; irmão Gildásio vestido de Elvis Presley, Sebinho, Zé Toquila e Zé de Dário cantando ‘’Benzino e colcha de retalho’’. Pois bem, quem tem menos de trinta anos não vai lembrar nada disso.
Em 1994, a Praça foi totalmente cercada e reformada gerando descontentamento em parte da população, visto que a praça original foi a primeira obra pública moderna da recém-emancipada Piritba.

Na minha opinião, o projeto original foi descaracterizado ao incluir elementos como pedras portuguesas, quiosque, canteiros altos com pedras à mostra. Tudo isso tirou em muito a beleza bucólica da nossa querida praça. Lembrando ainda da ‘’famosa’’ fonte luminosa, um adereço até interessante, mas que na verdade nunca teve utilidade. As poucas vezes que me lembro do seu funcionamento, a água era jorrada para os lados molhando a todos e depois por muito tempo virou depósito de água suja e lixo.

Aos bons piritibanos, que conhecem a nossa história, cabe avaliar: é melhor construir um coreto trazendo um novo espaço atrativo no lugar da fonte que não funciona há mais de 20 anos ou deixar continuar a ser um lugar sem serventia?
Por Edenilson Soares

Edenilson Soares é graduado em História pela UNEB. Possui os títulos de especialista em Gestão Escolar, e também em Sociologia, ambos pela UFBA.

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