O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não disse as palavras "Polícia Federal", superintendente" e "investigação" durante a reunião ministerial do dia 22 de abril. Bolsonaro ressaltou, contudo, que a interpretação sobre o que foi dito "vai da cabeça de cada um". A gravação foi exibida na manhã desta terça no âmbito do inquérito que investiga uma suposta interferência de Bolsonaro na PF, aberto a partir de declarações do ex-ministro Sergio Moro.

De acordo com o relato que três fontes que assistiram à exibição do vídeo fizeram ao GLOBO, Bolsonaro defendeu na reunião troca no comando da Polícia Federal do Rio para evitar que familiares e amigos seus fossem "prejudicados" por investigações em curso.

— Não existem no vídeo a palavra "Polícia Federal" nem "superintendência". Não existem as palavras "superintendente" nem "Polícia Federal". Essa interpretação vai da cabeça de cada um. Não tem a palavra "investigação" — disse Bolsonaro na tarde desta terça, na rampa presidencial.

Questionado sobre se comentou algo sobre seus filhos, Bolsonaro disse que a sua preocupação é com a "segurança" deles, após a facada que sofreu durante a campanha eleitoral:

— A preocupação minha sempre foi, depois com a facada, de forma bastante direcionada para a segurança minha e da minha família. Em Juiz de Fora, o Adélio cercou o meu filho no vídeo. No meu entender, talvez quisesse assassinar ele ali. A segurança da minha família é uma coisa. Não estou e nunca estive preocupado com a Polícia Federal. A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família.

Apesar da negativa de Bolsonaro, um dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi investigado pela PF. O órgão, contudo, pediu em março o arquivamento do inquérito.

'Era para ser destruída'

Questionado sobre críticas que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria feito a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na reunião, Bolsonaro não quis comentar, mas disse que em reuniões ministeriais "sai muita coisa". Ele acrescentou que a gravação deveria ter sido destruída.

— Em reunião ministerial, sai muita coisa. Agora, não é para ser divulgada. A fita era para ser inclusive destruída, após aproveitar imagens para divulgação, ser destruída. Não sei por que não foi. Poderia ter falado isso (que a fita foi destruída)? Poderia. Mas jamais eu ia faltar com a verdade. Por isso, resolvi entregar a fita. Se eu tivesse falado que foi destruída, iam fazer o quê? Nada. Não tinha o que falar.

De acordo com Bolsonaro, a reunião de ministros realizada na manhã desta terça não foi gravada.

O presidente afirmou que não vê problemas com a divulgação do vídeo, exceto os trechos que tratam de política externa. De acordo com a colunista Bela Megale, houve críticas à China feitas por parte dos presentes.

— Esse vídeo pode ser todo mostrado a vocês, exceto quando se trata das questões de política externa e segurança nacional.

De acordo com Bolsonaro, o vídeo é uma "última cartada" contra ele, porque, de acordo com eles, os depoimentos de Moro e do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo não trouxeram elementos.

— O depoimento do Moro, com todo respeito, quem leu e leu com isenção, viu que não tem acusação nenhuma. O do Valeixo, a mesma coisa. Esse vídeo agora é a última cartada midiática, usando da falácia e da mentira, para achar que eu tentei interferir na PF.

Bolsonaro demonstrou disposição de ser ouvido no inquérito. Ele disse que "tanto faz" depôr pessoalmente ou por escrito, mas lembrou que no passado o ex-presidente Michel Temer foi ouvido por escrito:

— Quem marca deve ser a Polícia Federal ou o ministro Celso de Mello. Para mim tanto faz, presencialmente ou escrito. Como deferências, (o depoimento de) presidentes anterior foi por escrito.

Fonte: O Globo

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