Edson Oliveira Lima Macedo, 32 anos, que invadiu dois estabelecimentos LGBTQIA+ na madrugada desde domingo (1º), destruiu um deles, agrediu clientes e artistas, ficou poucas horas sob custódia. No início da manhã deste domingo, ele foi liberado da Central de Flagrantes, em Salvador, e voltou a atacar pessoas LGBTQIA+ que ainda estavam no local. Desta vez, a ação foi frustrada porque as vítimas correram para dentro da delegacia e, na perseguição, Edson foi novamente dominado pelos policiais.

Horas antes, o homem invadiu o Espaço Cultural Caras e Bocas, na Rua Carlos Gomes, destruiu o espaço e agrediu clientes e artistas. Edson chegou a arrastar pelos cabelos uma das proprietárias do estabelecimento, Alexsandra Leitte. Ela foi jogada por ele na rua, em frente a um ônibus, que conseguiu parar a tempo. Durante o ataque ao espaço, o homem gritava que iria matar 'viados e sapatões'.

“A gente reviveu o que a gente tinha acabado de viver, terror. Ele queria a conclusão do ato, a finalidade morte. Todos que estavam ali, em frente à delegacia, eram LGBTQIA+”, declarou Rosy Silva, uma das proprietárias do espaço voltado para o público LGBTQIA+ na Rua Carlos Gomes.

Depois de destruir o espaço Caras e Bocas e agredir as pessoas, Edson tentou invadir o bar Âncora do Marujo, também voltado para o público LGBTQIA+, mas foi contido por clientes. Uma viatura, que foi chamada por Rosy Silva, prendeu Edson e o levou à Central de Flagrantes ainda na madrugada, mas ele foi liberado no início da manhã. Segundo as vítimas do ataque, Edson é conhecido por brigar durante o consumo em ambientes LGBTQIA+.

Em seu perfil no Instagram, Edson se apresenta como empresário, proprietário da Fazenda Pedra Grande, em Queimadas, e da Fazenda Angical, em Mairi, e participante do Projeto Pelo Social, para famílias em vulnerabilidade social. 

Pelos fundos

Era por volta das 8h desde domingo quando Edson deixou a Central de Flagrantes pela porta dos fundos. Vestido apenas com uma bermuda, ele partiu para cima das pessoas LGBTQIA+, inclusive as proprietárias do espaço cultural. A equipe do Me Salte/CORREIO entrevistava uma das vítimas e registou o ataque. Veja:
Apavoradas, as vítimas correram para dentro delegacia e ainda assim foram perseguidas por Edson, que acabou contido pelos agentes do plantão.

“Um ato de impunidade, um descaso com a gente. Os policiais civis acreditavam que nós já tínhamos ido embora. Ele tinha que ter ficado lá, pelo menos por um tempo. Ele tem ‘costas-quentes’. Se fosse um Zé Ninguém estaria preso”, desabafou Rosy.  

Reincidente

Esta não é a primeira vez que Edson se envolve com confusão em ambientes voltados ao público LGBTQIA+. Há pouco mais de 15 dias, ele discutiu com o garçom de uma sauna no Centro da cidade. “Não teve motivo. Ele chegou falando, agredindo verbalmente as pessoas. Inicialmente, sentou como cliente, normal. Começou a falar coisas sem sentido. Mas, ele é inteligente. Ele não partiu para a agressão porque estava num ambiente só homens, pois sabia que estaria desvantagem. Esta foi a segunda vez que ele esteve na casa. Na primeira, só falava alto”, contou Luciano Oliveira, proprietário do clube Olympus, na Rua Tuiuti, no Dois de Julho. 

O Me Salte apurou que ele criou confusão em outras duas saunas da cidade recentemente. 

Ouvido e liberado

Edson foi ouvido pela polícia e liberado. Em nota, a Polícia Civil informou que “instaurou inquérito para apurar o fato", mas não explicou por que razão ele foi solto.

"As vítimas e testemunhas foram ouvidas e receberam guias para realizar exame de lesão. A unidade também expediu as guias para perícia nos locais onde foram causados os danos. Importante ressaltar que o autor estava visivelmente alterado e chegou a ser atendido numa emergência psiquiátrica. Ele também informou fazer uso de medicamentos controlados e disse ter ingerido bebida alcoólica, além de ser usuário de drogas”, diz nota.

O procedimento será encaminhado para a 1ª Delegacia (Barris).

Edson é natural da cidade de Mairi, no Centro-Norte da Bahia. No município, circula a informação de que ele seria pré-candidato a prefeito da cidade pelo partido Avante. O Me Salte/CORREIO entrou em contato com o partido, mas ainda não obteve resposta. Tentamos também falar com Edson na delegacia, mas ele não quis diálogo com a nossa equipe.

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