O presidente americano Donald Trump repetiu, com o Brasil, o roteiro que se habituou a seguir nas relações internacionais de comércio. Ele anunciou um aumento brutal de tarifas; estabeleceu uma data para aplicar os percentuais novos; ameaçou tomar medidas punitivas adicionais... E, 35 horas antes do juízo final tarifário, esticou o prazo em mais cinco dias e abriu quase 700 exceções na lista de produtos brasileiros que vão ser taxados em 50%. 

O presidente americano assinou e divulgou o decreto que formaliza o tarifaço. O documento explica que o governo americano vai impor tarifas de 40%, e que elas vão se somar à de 10%, em vigor desde abril. 

Essa taxa total, de 50%, não vai mais entrar em vigor em 1° de agosto. O decreto prorroga o prazo – desta sexta-feira para daqui a uma semana, 6 de agosto. 

Os produtos que embarcaram até esta data, e que estejam na etapa final de transporte, não vão ser submetidos à nova tarifa – mesmo que cheguem aos Estados Unidos depois do prazo. 

O decreto apresenta uma lista com quase 700 itens que ficarão isentos da tarifa total de 50%., mas seguiram taxados com a alíquota menor de 10%. Entre eles, produtos críticos para os exportadores brasileiros e empresas americanas, como:

- Derivados de petróleo, gás natural e carvão

- Derivados de ferro, aço, alumínio e cobre

- Celulose

- Suco e polpa de laranja

- Fertilizantes

- Aviões civis e componentes

Mas o documento deixa de fora da isenção produtos como o café e a carne bovina, que também estão entre as principais importações que os Estados Unidos compram do Brasil. 

No decreto assinado na Casa Branca, Donald Trump recorre à Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional – a mesma que ele já tinha acionado em abril, quando anunciou sobretaxas para importações do Brasil e de todos os outros países. 

O presidente americano voltou a relacionar o tarifaço à ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. 

Trump também citou o ministro do supremo Alexandre de Moraes e repetiu que autoridades brasileiras tentam forçar plataformas online dos Estados Unidos a censurar usuários. No passado, Moraes ordenou o bloqueio de contas nas redes sociais que atacaram as instituições e incitaram um golpe de estado. 

O ministro das relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, estava em Nova York para uma conferência da ONU. Nesta quarta-feira, estevem em Washington e se reuniu com o secretario de estado Marco Rubio para discutir o tarifaço. 

"Enfatizei que é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do poder judiciário do Brasil, inclusive a condução do processo judicial no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro. Afirmei que o poder judiciário é independente no Brasil tanto como aqui e que não se curvará pressões externas".

Fonte: g1 / Jornal Nacional 

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