Aconteceu na última quarta-feira, 20, através da Internet, o Encontro de Mulheres da Bacia do Jacuípe - “Mulheres com Deficiência e os Espaços de Poder”, promovido pelo MOVJACUIPE (Movimento de Mulheres com Deficiência da Bacia do Jacuípe).
Cerca de 20 mulheres com e sem deficiência, dos municípios de Mairi, Várzea da Roça, São José do Jacuípe, Capim Grosso, Riachão do Jacuípe, Pintadas, Capela do Alto Alegre, Serrolândia, Lauro de Freitas e Salvador, participaram do evento que foi o primeiro de uma série de pelo menos 27 encontros que serão realizados, ainda neste ano, com o objetivo de promover o empoderamento de mulheres, nos 27 Territórios de Identidade da Bahia.
O encontro contou com a participação da ex-conselheira nacional dos direitos da pessoa com deficiência, Anaildes Sena, da diretora estadual de defesa dos direitos da pessoa com deficiência, Zenira Rebouças, das vereadoras Neia Bastos, de Pintadas e Joilma Rios, de Várzea da Roça, além das militantes dos direitos da pessoa com deficiência Helena Machado e Adriana Bispo.
Todas as falas das participantes foram carregadas de significados. Sobre o tema, alguns dos principais pontos abordados referiram-se as barreiras enfrentadas por mulheres, não só no acesso aos cargos de alta patente, mas também nos demais espaços de histórica predominância masculina.
Neia Bastos destacou o poder da fala, como sendo o primeiro espaço de poder e decisão de suma importância na vida das pessoas. “Tem muitos momentos que a gente precisa gritar, tem muitos momentos que a gente precisa exigir respeito, e não é respeito de as pessoas olharem pra gente como coitadinha”, pontuou. Disse ainda querer que esse espaço [de poder] seja dado à mulher com deficiência como espaço de direito. “A gente quer ter a vida com a liberdade que o mundo pode nos oferecer. Acredito que segurando nas mão umas das outras, uns dos outros é que podemos fazer valer o nosso grito”, acrescentou.
Anaildes Sena citando como exemplo uma determinada indústria, disse: “O setor de máquinas tinha rejeição à pessoas com deficiência, mas abriu exceção pra ter, durante o dia, homem com deficiência [manuseando máquinas]”. Disse ainda que depois de muitas negociações ela foi a primeira mulher com deficiência a trabalhar nesse departamento, sendo a única pessoa com deficiência no turno da noite. Acrescenta ainda que esteve durante 9 anos trabalhando nesse turno e para ela significou vencer o machismo capacitista. “Machismo porque não queriam no setor de máquinas uma mulher com deficiência. E machismo capacitista porque não queriam uma pessoa com deficiência, muito menos mulher, trabalhando à noite. Então para mim, foi a ruptura do machismo capacitista”, ressaltou.
Zenira Rebouças, em sua mensagem, expressou seu prazer em estar fazendo parte da construção desse movimento, com o objetivo de se fortalecerem como mulheres com deficiência, mulheres empoderadas, mulheres que querem uma justiça social que chegue a todas e todos. “Então, acho que a gente está nessa luta realmente resgatando um pouquinho essa nossa vivência, que além da deficiência a gente também tem a questão de ser mulher. Então, a gente tem realmente que fazer uma construção e uma desconstrução, vamos dizer assim, de algumas visões que a sociedade teima em nos rotular e a gente, algumas vezes, assume isso como verdades e não são verdades”, enfatizou.
Ao final, as participantes deixaram previsto para o dia 27/04/2022, o próximo encontro que será com mulheres Da Bacia do Rio Grande (Oeste Baiano), às 19h, também pela internet. Ficou ainda sugerida a realização do encontro de mulheres com deficiência da Bahia, dentre outras considerações.
PRESENÇA
1. ADRIANA BISPO
2. ALEXANDRE CARVALHO BARONI
3. ANAILDES SENA
4. CONCEIÇÃO MARIA
5. DIXON BISPO
6. FABIO BRITO
7. GEOVANA BRITO
8. GILDEANE HORA
9. HELIDE HONORATO
10. ILVANDA CATUREBA
11. JOELMA VILARONGA
12. JOILMA RIOS
13. JOSELITA LOPES
14. LUIZ ARAUJO
15. MARIELMA DIAS
16. MAURIZIA SOUZA
17. NEIA BASTOS
18. SERGIO MURILLO
19. SUZANA SEGALA
20. VALMIRETE RIOS
21. VEL MELLO
22. ZENIRA REBOUÇAS
