O Brasil votou a favor da resolução que condena a invasão russa e pede a retirada imediata das tropas da Ucrânia durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, nesta sexta-feira, 25. A resolução, no entanto, foi vetada pela própria Rússia, que por ser integrante permanente do Conselho de Segurança, tem direito ao veto.

Dos 15 membros, 11 votaram a favor da medida. Três países, entre eles a China, se abstiveram e apenas a Rússia votou contra. A expectativa é que o projeto seja analisado na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que conta com 193 membros. 

Veja como votou cada país:

A favor: Albânia, Brasil, Estados Unidos, França, Gabão, Gana, Irlanda, México, Noruega, Quênia e Reino Unido;

Contra: Rússia;

Abstenções: China, Emirados Árabes Unidos e Índia;

Segundo informações de um diplomata ouvido pela AFP, o texto da medida chegou a ser suavizado horas antes para "garantir" abstenções e impedir que China, Emirados Árabes Unidos e Índia votassem contra.

A palavra "condenar" foi retirada do texto proposto e substituída por "deplorar", uma referência ao Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que prevê um possível recurso à força, também suprimido.

O texto, que foi apoiado por cerca de sessenta países, também instou a Rússia a "cessar imediatamente o uso da força" e "abster-se de qualquer ameaça ilegal ou uso de força contra um estado membro da ONU".

A resolução pedia que a Rússia "retirasse imediata, completa e incondicionalmente" suas forças militares da Ucrânia e "revertesse" a decisão de reconhecer a independência das províncias do leste ucraniano de Donetsk e Luhansk, em guerra, uma vez que "viola a integridade territorial".

"Não é tarde demais para parar essa loucura", pediu o embaixador albanês, Ferit Hoxha, ao defender o texto. Já a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, advertiu que o ataque da Rússia "aos nossos princípios fundamentais é tão ousado, tão desavergonhado, que ameaça o sistema internacional tal qual o conhecemos".

Após a rejeição do Conselho de Segurança, um texto semelhante poderia ser enviado à Assembleia Geral das Nações Unidas, onde as resoluções não são vinculantes e não há direito de veto para nenhum de seus 193 membros.

Isolamento

O uso do veto pela Rússia, que era o juiz e parte da reunião, uma vez que ostenta a presidência mensal do Conselho de Segurança, só mostra o seu isolamento no cenário internacional, disse um funcionário americano, que pediu para não ser identificado, antes do começo da reunião.

Negociações diplomáticas intensas foram realizadas desde ontem para convencer a Índia e os Emirados Árabes, dois membros não permanentes do Conselho de Segurança, a votarem a favor do texto, segundo diplomatas.

Desde o início da invasão militar à Ucrânia, na madrugada de ontem, a Rússia alega agir em legítima defesa, apoiada no artigo 51 do documento fundador da organização, e exige que a Ucrânia desista de sua ambição de aderir à Otan e que a aliança atlântica reduza sua presença no leste europeu.

Brasil pede “fim das hostilidades”

Na primeira manifestação oficial do Brasil sobre o conflito, o embaixador Ronaldo Costa Filho criticou a “gravidade da situação”. “Renovamos nosso apelo pela cessação total das hostilidades, pela retirada das tropas e pela retomada imediata do diálogo diplomático”, afirmou o representante brasileiro.

Segundo informações da CNN, o Itamaraty considerou que “uma linha foi cruzada” e expressou “preocupação com a decisão russa de enviar tropas em operações militares em terra, causando perda de vida e perigo à população ucraniana”.

“As preocupações de segurança manifestadas pela Federação Russa nos últimos anos, particularmente em relação ao equilíbrio estratégico na Europa, não dão à Rússia o direito de ameaçar a integridade territorial e a soberania de outro Estado”, disse o embaixador brasileiro.

Fonte: AFP

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