O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), faleceu neste domingo, 16, de acordo com informações divulgadas pela prefeitura. Aos 41 anos de idade, o prefeito lutava desde 2019 contra um câncer originado no estômago e que, mesmo com tratamento, se espalhou para outras regiões do corpo, com novos focos nos ossos e no fígado diagnosticados recentemente.

O velório de Bruno Covas será realizado na Prefeitura de São Paulo, em cerimônia restrita a 20 convidados. Ao fim, o caixão será transportado em um caminhão do Corpo de Bombeiros, passando pela Avenida Paulista, com destino a Santos, onde o prefeito será sepultado.

O estado de saúde de Covas se agravou nos últimos dias. Ele foi transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI), no começo do mês, após ter um sangramento no estômago. Na sexta-feira, 14, o quadro de saúde do prefeito piorou e evoluiu para um coma irreversível.

Covas estava internado no Sírio Libanês desde o dia 2 de maio, mesmo dia que pediu licença do cargo de prefeito. A internação ocorreu cinco dias após ter tido alta na mesma instituição, onde se submeteu à quimioterapia em conjunto com imunoterapia depois da descoberta de novos tumores no fígado e nos ossos ao fazer exames de rotina.

A luta de Covas contra o câncer foi acompanhada nas redes sociais. O político orientou sua equipe médica que fosse transparente com relação às etapas da doença com jornalistas. Pelas redes sociais - ele mesmo gerenciava sua conta no Instagram -, agradecia mensagens de apoio recebida de eleitores, aliados e adversários políticos. O anúncio do afastamento do cargo de prefeito ocorreu via Twitter:

Na véspera da última alta, no dia 26 de março, o prefeito de São Paulo declarou que continuava a "luta pela vida" em um post que tinha como foco seu filho de 15 anos, Tomás.

Covas foi eleito prefeito de São Paulo pela primeira vez em 2016 e reeleito em 2020, após vencer o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), com 59,38% dos votos válidos. Durante a campanha eleitoral, o prefeito foi o candidato que mais recebeu doações de pessoas físicas. Ao todo, a campanha arrecadou R$ 1.824.285 de 51 doadores.

Entre as promessas feitas durante a época de campanha, Covas trouxe à tona alguns tópicos não cumpridos por João Doria e Fernando Haddad: telemedicina, tecnologia nas escolas e atenção às UBS.

Câncer

O prefeito descobriu o câncer durante uma investigação médica iniciada em 2019, após o surgimento de uma trombose. A doença já tinha sinais de avanço: havia um tumor no fígado, outro na cárdia (o ponto de ligação entre o esôfago e o estômago) e outro em gânglios linfáticos. O primeiro tratamento fez com que dois desses tumores desaparecessem.

Em janeiro, o prefeito de São Paulo já havia ficado dez dias afastado do cargo para dar continuidade ao tratamento do câncer diagnosticado em 2019. No lugar de Covas, o vice Ricardo Nunes (MDB) assumiu o cargo interinamente.

Em novembro de 2019, foi descoberto um tumor na cárdia (a área de transição entre o esôfago e o estômago), um no fígado e um em uma das glândulas linfáticas de Covas. Inicialmente, o prefeito foi submetido a três sessões de quimioterapia, e respondeu bem à medicação.

Exames feitos após esse primeiro ciclo de tratamento mostraram desaparecimento dos tumores na cárdia e no fígado, mas apontaram que uma das glândulas linfáticas ainda apresentava tamanho anormal para uma pessoa com as características do prefeito. Após uma biópsia feita em fevereiro de 2020, foi apontado que o prefeito continuava com câncer na região dos gânglios linfáticos mesmo após uma rodada de oito sessões de quimioterapia. Ainda no ano passado, Covas passou por uma segunda fase de tratamento contra a doença, realizando um tratamento de imunoterapia.

Ainda em fevereiro, após exames de rotina, foi detectado um novo nódulo no fígado do prefeito. Na ocasião, o oncologista Tulio Eduardo Flesch Pfiffer, membro da equipe médica do Hospital Sírio-Libanês que tratava o prefeito de São Paulo, afirmou que a descoberta não mudava o prognóstico da doença. De acordo com o especialista, tratava-se de uma metástase que, embora não desejada, ocorre "com uma certa frequência" em casos como o de Covas.

Neste ano, entretanto, o tumor remanescente, do fígado, teve nova metástase e se espalhou por cinco pontos dentro do órgão. Os médicos ainda descobriram novos tumores nos ossos, razão pela qual o tratamento passou a usar tanto a quimioterapia quanto a imunoterapia, procedimento que pretende fortalecer o sistema de defesa do corpo do prefeito.


Trajetória política de Bruno Covas

O prefeito se filiou em 1998, aos 18 anos, ao PSDB, partido que teve como um dos fundadores o seu avô, o ex-governador de São Paulo, Mário Covas, que faleceu em 2001. No ano seguinte, tornou-se primeiro secretário da Juventude Nacional do PSDB e em 2007, aos 27 anos, foi escolhido presidente da juventude tucana, onde permaneceu até 2011.

A primeira eleição a que Covas concorreu foi em 2004, quando disputou o cargo de vice-prefeito de Santos, mesma cidade onde seu avô iniciou a vida política. A chapa tucana, cujo candidato a prefeito era Raul Christiano, perdeu o pleito em primeiro turno.

Em 2006, Covas foi eleito deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo, e reeleito em 2010 com a maior votação no estado, com 239 mil votos. Em 2011, licenciou-se do mandato para ser secretário do Meio Ambiente de São Paulo, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2014, se elegeu deputado federal por São Paulo.

Desde 2012, Covas pretendia se lançar à prefeitura da capital paulista. Naquele ano, se inscreveu nas prévias do PSDB, mas desistiu depois da entrada de José Serra no páreo. Em 2016, o político se aliou a João Doria para a disputa da prefeitura depois de Alckmin declarar apoio ao atual governador e foi eleito vice-prefeito da capital na chapa tucana. Covas tornou-se prefeito de São Paulo em 2018, quando Doria deixou o cargo para disputar o governo do Estado.

Fonte: Exame

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