O governador da Bahia, Rui Costa (PT), usou uma rede social, na noite desta quinta-feira, 11, para anunciar que está tudo pronto para assinar o contrato com o Fundo Soberano Russo para realizar a compra de lotes da vacina Sputnik V.

“Tudo pronto para assinar nesta sexta-feira, dia 12 de março, o contrato do Governo do Estado da Bahia com o Fundo Soberano Russo para compra de 6 milhões de doses da vacina Sputnik V. Se tudo der certo, teremos mais vacinas em nosso estado para acelerar a imunização de baianos e baianas. Vacina salva vidas! É assim que venceremos a guerra contra o coronavírus”, ressaltou Costa.

A decisão ocorre após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionar, na última quarta-feira, 10, o projeto de lei do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que permite aos estados, Distrito Federal e municípios possam comprar de forma direta os imunizantes, desde que assumam a responsabilidade civil por eventuais efeitos adversos provocados pelas vacinas, que devem ter antes o registro emergencial da Anvisa.

Por outro lado, Bolsonaro voltou a criticar, durante participação no 1º Encontro da Frente Parlamentar das Pequenas e Médias Empresas, em Brasília, o lockdown e as medidas de segurança sanitária adotadas por estados e municípios, que acabam por impactar o funcionamento do comércio e das atividades econômicas. Bolsonaro disse que os governadores e prefeitos estão “destruindo” a economia do país.

“Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar?”.
Sombrio

O médico e líder do PSD no Senado, Otto Alencar, afirma que o colapso no sistema de saúde é resultado direto do descaso do Ministério da Saúde na compra do imunizante.
“O colapso existe porque não tem vacina. O Pazuello não tem como fornecer por não ter assinado os protocolos na época correta. Eu chamei a atenção disso em 25 maio de 2020”.

Mas, segundo. O governo achou que hidroxicloroquina resolvia, que haveria imunização de rebanho e agora estamos vivenciando o desastre das mortes, da escassez de insumos e dos profissionais de saúde trabalhando no limite”, desabafou Alencar.

O senador lamenta as declarações do presidente e diz que ele está toda hora querendo “jogar no colo” de prefeitos e governadores a responsabilidade total pelo combate e por todas ações na pandemia.

“Governadores e prefeitos estão se esforçando, e é bom lembrar que neste ano não vai ter auxílio para os estados e municípios, aqueles R$ 60 bilhões que aprovamos ano passado. Eles estão enfrentando a queda de arrecadação e o aumento no preço dos insumos, que comprados diretamente pelos estados ficam mais caros”, diz Otto

O deputado federal Jorge Solla (PT), que também é médico, sinaliza que o colapso na saúde é nacional. Ele afirma que tem conversado com amigos e parlamentares do sul ao nordeste e que todos estão “angustiados”. Ele define como “crítica” a situação do sistema de Saúde nas capitais, onde concentra o maior número de atendimentos.

Ele faz duras críticas ao ministro da Saúde, que afirmou que o país não está em colapso e nem entrará. Ele classifica Eduardo Pazuello como alguém que “desconhece completamente a saúde”, não tem “nenhuma experiência e nem intimida com a área”, e que “não está buscando se informar”, pois “vive desconectado com a realidade do país”.

Solla também criticou Bolsonaro por incitar convulsões sociais e atos irresponsáveis contra medidas de segurança. Ele afirma que se Bolsonaro estivesse preocupado com o povo, como diz, não teria estabelecido apenas R$ 44 bilhões para pagar um auxílio emergencial de R$ 150. Ele lembra que, em 2020, cerca de R$ 300 bilhões foram investidos no programa de transferência de renda para os afetados pela pandemia do Covid-19.

]“Esse comentário é típico de Bolsonaro, que não é de ajudar a resolver a dificuldade, mas que é gerador de crises e amplificador do caos. É como ele tem atuado desde a época de parlamentar, nunca teve papel construtivo, de elaborar projeto, uma alternativa legal, mas apenas fez discurso de ódio. É um irresponsável que quer levar o país ao caos”, criticou Solla.

Salvador

O secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, anunciou que o colapso no sistema de Saúde da capital poderá ocorrer nas primeiras horas de hoje, durante entrevista a um telejornal da Rede Globo, na manhã de ontem.

“A situação é desesperadora, caso não consigamos abrir novas vagas, eu e o governo do estado, ou termos um grande número de altas na rede hospitalar própria, nós vamos colapsar amanhã nas primeiras horas do dia. Estamos com recorde absoluto, o máximo que tínhamos chegado, mesmo na 2º onda, era de 117 solicitações na fila de regulação, ontem regulamos 80 e amanhecemos com 129, algo impressionante, não baixa”, desabafou o secretário

O prefeito Bruno Reis (DEM), durante coletiva virtual na manhã de ontem, em sintonia com o discurso de seu secretário de Saúde, afirmou que o que está evitando o colapso é a abertura de novos leitos e as ações que estão sendo realizadas para ampliar o atendimento, a exemplo da medida adotada ontem, de autorizar o funcionamento 24h da UBS do bairro de Pirajá, para atendimento de pacientes com o novo coronavírus.

“O que está permitindo evitar o colapso? Abertura novos leitos, essas manobras como esta de estar transformando unidade básica em unidade Covid, mas há consciência de que vamos chegar ao limite disso e não teremos mais condições, a prefeitura e nem o governo, de abrirem novos leitos. Quero chamar a consciência de que ainda não podemos retomar a normalidade. Os Números não param de crescer, na rede privada a situação é pior”, desabafou Reis.

O chefe do executivo de Salvador sinalizou que o município está estudando e avaliando o cenário para o retorno do comércio, e, sem apontar uma data, sinalizou que a retomada deverá ocorrer com escalonamento de horários para cada ramo de atividade econômica, alcançando também o transporte público.

O secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas-Boas, negou que o sistema de Saúde da Bahia possa entrar em colapso nesta sexta-feira, em um espécie de efeito cascata motivado pela crise na rede de saúde de Salvador.

“Pelo menos até o momento, não há previsão de colapso do sistema, primeiro porque toda a estrutura montada, que inclui mais de 1 mil leitos de UTI dedicados, está a operar e continuará a operar, mesmo que sob elevada pressão. Segundo, porque ainda há leitos sendo abertos na capital e no interior, o que inclui mais 50 leitos de UTI na Arena Fonte Nova, 100 leitos de UTI e 120 leitos de Unidade de Assistência Respiratória (UAR) no Hospital Metropolitano e 100 leitos de UAR no Hospital Riverside”, destacou Villas Boas.

O secretário de saúde reforçou que o “Governo da Bahia, em parceria com os municípios, tem feito todos os esforços para manter e ampliar o atendimento hospitalar” a pacientes com quadros respiratórios graves, como consequência da Covid-19. Ele ressalta que “leitos clínicos e leitos de UTI”, assim como um novo modelo de atendimento, denominado Unidade de Assistência Respiratória, “estão sendo montados em unidades hospitalares de todo o estado”. Vilas-Boas termina pontuando que “todos esses esforços estão permitindo que a população continue a ser atendida nos pronto atendimentos e nos hospitais, ainda que o tempo de espera tenha aumentado significativamente ao longo da última semana”.

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