A Bahia já contabiliza 387 cidades com transporte intermunicipal suspenso, o que representa 92% dos 417 municípios, em cumprimento ao decreto do Governo do Estado, que proíbe a circulação dos veículos por causa da pandemia da Covid-19 (novo coronavírus). A medida, que já dura quase quatro meses, tem afetado a vida e o trabalho dos profissionais que transportam vidas pelas estradas baianas. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Intermunicipal no Estado da Bahia (Sindinter), mais de 700 rodoviários foram demitidos neste período, sendo que a situação considerada mais grave é na região sul.

“A gente faz um apelo ao governador Rui Costa que olhe para esta classe de trabalhadores. Se ele não pode liberar o transporte, tem que estar preocupado com emprego. Tem gente passando necessidade”, conta o presidente do Sindinter, Euvaldo Alves.

Uma dessas pessoas é o motorista Rubinho Andrade, de 42 anos. Segundo ele, a situação piorou porque sua esposa perdeu o emprego antes da pandemia e não conseguiu recolocação no mercado de trabalho. “Sou eu quem sustenta a casa agora. Passei 15 dias sem comprar um botijão de gás. A situação está apertada e a gente se vira como pode para se manter”, relata.

Manifestação

Nesta segunda-feira, 20, um grupo com mais de 50 rodoviários do transporte intermunicipal promoveu uma carreata, em Salvador, reivindicando uma solução para o caso e pedindo fiscalização nas rodoviárias de cidades do interior no combate ao transporte clandestino.

“Eles estão rodando em todo o interior, aglomerando pessoas nas vans e cobrando muito mais caro do que as passagens de ônibus. A Agerba não tem efetivo para fiscalizar e eles estão tomando conta” denuncia Euvaldo.

Em nota, a Agerba informou que emitiu mais de 700 autuações em todo o estado, desde o início das restrições do transporte intermunicipal.

Confira a nota na íntegra: 

"A Agerba realiza, diariamente, blitze nas principais estradas da Bahia em parceira com a Polícia Militar, através do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRv) e das Companhias Independentes de Polícia Rodoviária (CIPE). Além dos pontos fixos, nas chamadas Barreiras de Transportes, as blitze também são montadas em alguns pontos estratégicos. Desde que as restrições de transportes intermunicipais tiveram início, através do decreto governamental, mais de 700 autuações foram emitidas em todo o Estado. O combate ao transporte irregular está sendo intensificado para assegurar que a medida temporária de restrição dos transportes seja eficaz".

Usuários

Os passageiros, que precisam se deslocar entre as cidades da Bahia, também estão enfrentando dificuldades, seja para estudar, trabalhar ou dá continuidade ao tratamento de saúde. Jacqueline Kleide, de 34 anos, não consegue visitar os familiares, que moram em Feira de Santana. “Agora eu não tenho tanta autonomia para ir visitá-los quando quero. Tenho ido por meio de carona com colegas de trabalho, que também são de lá e tem veículo próprio. Desta forma, tenho que ficar à mercê da programação deles, que muitas vezes não coincide com a minha”, relata a psicóloga.

O jornalista Jorge Vieira, de 49 anos, trabalha na prefeitura da cidade de Pojuca e, depois de 118 dias trabalhando remotamente, conseguiu retomar às atividades no interior, presencialmente. “Estava trabalhando desde 17 de março em casa, mas, há duas semanas, a prefeitura disponibilizou um transporte por causa das demandas do município. Temos a situação da pandemia e ainda estamos preparando as comemorações para o aniversário da cidade, que é no dia 29 de julho”, conta.

Fonte; A Tarde - Raphael Santana

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