Estudantes, professores e profissionais da educação participam, nos 26 estados do país e no Distrito Federal, de atos contra o bloqueio de verbas para a Educação anunciado pelo Governo Federal nas últimas semanas.

De acordo com a PM, 15 mil pessoas protestam em Brasília no começo da tarde na Esplanada dos Ministérios. Os organizadores estimam o público em 50 mil.

Em outras capitais, a PM ainda não divulgou a estimativa de públicado. Segundo organizadores, 250 mil pessoas estão nas ruas em Belo Horizonte e 10 mil em Fortaleza. Nas três capitais as manifestações foram convocadas para a manhã.

Em apoio ao movimento, universidades e escolas — públicas e particulares — paralisaram suas atividades. Na véspera dos protestos, parlamentares relataram que Bolsonaro teria recuado dos cortes na Educação , mas o governo, em seguida, negou.

No Rio, ato interdita vias centrais

As manifestações contra os cortes de verbas nas instituições federais de ensino interditaram diversas vias no Centro do Rio de Janeiro.

Segundo informações do Centro de Operações da Prefeitura, a avenida Presidente Vargas estava interditada, no início da noite desta quarta, no trecho entre a avenida Rio Branco e a rua Primeiro de Março.

As pistas laterais das duas avenidas também estão bloqueadas. Na Primeiro de Março, o Centro de Operações informa que a via está interditada desde a Alerj até a Presidente Vargas.

Professores de diversas redes de ensino particulares foram dispensados do trabalho nesta quarta e engrossam o protesto. 

— Embora sejamos de escola particular, trabalhamos com educação e isso impacta nosso futuro — afirmou Fernanda França, de 32 anos, com o filho de um ano e meio no colo.

Colega de Fernanda, a professora Yasmin Toledo, de 23 anos, afirmou que os cortes na educação podem resultar em uma sociedade sem pensamento crítico. 

— Antes, a ideia das autoridades era que as pessoas só soubessem ler e escrever, e depois fossem trabalhar. Parece que esse pensamento está voltando, talvez por isso o governo não queira mais Filosofia e Sociologia — criticou. 

No mesmo ato, entre gritos de "a nossa luta unificou: é estudante, funcionário e professor" e "Ele não", docentes da rede pública também protestavam contra a proposta de reforma da Previdência. 

— Quanto mais gente na rua, maior o impacto. Além de professora, também sou estudante de mestrado da UFRJ.  Esses cortes vão nos atingir profundamente. Caso a reforma passe, vou ter que trabalhar 10 anos a mais — criticou Vanessa Reis, de 45 anos, que vestia uma camiseta escrito "lute como uma professora".  

Já a professora da rede municipal Valéria Oliveira, de 45 anos, reagiu à declaração do presidente Jair Bolsonaro, que classificou os manifestantes como "idiotas úteis". 

— Os que ele classifica como "idiotas" são os que formam as pessoas que ele está governando. Se mantiver os cortes, vamos ser ainda mais idiotas do que ele considera — ironizou.

Em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, alunos da Uenf se reuniram e atearam fogo em pneus fechando o trânsito na Avenida Alberto Lamego, em sentido ao Centro da cidade. Posteriormente, a Polícia Militar (PM) liberou o local.

Em São Paulo, presença de Haddad

Milhares de estudantes, professores, ativistas políticos e sindicalistas fecharam na tarde desta quarta-feira as duas pistas da Avenida Paulista , em São Paulo, em manifestação contra os cortes feitos pelo governo na educação .

Estudantes de escolas, faculdades e universidades públicas e privadas ocuparam seis quadras da avenida, no trecho entre a sede da Fiesp e a rua Augusta. O foco da concentração estava no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

O ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro da Educação e candidato presidencial derrotado por Jair Bolsonaro, Fernando Haddad, chegou ao ato por volta das 16h. De cima de um caminhão, saudou os manifestantes, que reagiram com aplausos.

— Nós vamos educar o Bolsonaro. É ele que precisa ser educado, é ele que precisa conhecer o Brasil. E não vamos parar até que ele demonstre que aprendeu a lição — falou Haddad. — Ele está no Texas (Estados Unidos), que é a pátria que ele escolheu pra servir. Segunda vez que ele foi nos Estados Unidos e nenhuma vez nos nove estados do Nordeste - disse Haddad.

O protesto sairia em marcha pela Paulista, rumo ao centro da cidade. A Polícia Militar não deu uma estimativa do número de participantes. Os organizadores falam em 100 mil pessoas.

As manifestações se estenderam por cidades grandes do interior paulista. Em Campinas e Ribeirão Preto, por exemplo, os militantes estão reunidos no centro dessas cidades.  Pessoas usam o carro de som para discursar contra a medida do governo. Em comum, manifestantes seguram cartazes com críticas ao presidente Jair Bolsonaro, inclusive com ataques à reforma da Previdência.

Em frente ao Masp, a professora aposentada do Instituto de Matemática e Estatística da USP, Heloísa Borsari, saiu de casa para se juntar aos estudantes no protesto.

Segundo ela, o movimento tem importância por ser a primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro. Contudo, a docente admitiu que o campo progressista ainda tem dificuldade em se comunicar com outros setores da sociedade.

— Tem que ser um movimento suprapartidário, para que a gente possa defender minimamente os direitos e a inclusão que nós conseguimos com a Constituição de 1988 — disse.

Heloísa diz que que o atual governo chama a atenção por ter conseguido atrair para o conservadorismo a juventude, sobretudo na pauta ligadas aos costumes.

Questionada sobre a declaração do presidente, que chamou os manifestantes de "idiotas úteis", Heloísa brincou:

— E ele é um idiota inútil. Mas bastante nocivo.

Belo Horizonte, Salvador

Em Viçosa, Minas Gerais, manifestantes se reuniram em uma manhã de chuva para protestar com gritos de "O Movimento unificou, é o estudante, o professor e o servidor". Em Belo Horizonte, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alunos já se concentram próximo a Escola de Medicina, para seguir em passeata pelas ruas da capital.

Há manifestação no Ceará, na Universidade Federal do Ceará, em frente ao prédio da faculdade de Direito.
Em Belém, alunos se reúnem em uma aula pública Foto: Reprodução/Twitter

Em Belém, uma aula pública ocorre como forma de protesto na Praça da República, onde cerca de 20 mil manifestantes se reuniram, segundo a Polícia Militar.

Redes Sociais

Os protestos foram convocados por entidades ligadas aos movimentos estudantis, sociais e também a partidos políticos e sindicatos.

No Twitter, a hashtag #TsunamidaEducação está em primeiro lugar como o assunto mais comentado na rede no país. A partir dela, são compartilhadas imagens e registros dos protestos pelo país e mensagens de apoio ao movimento. Internautas também estão usando #15M, em referência à data, para falar nas redes sobre a paralisação desta quarta-feira.

Em março, um decreto estabelecia o contigenciamento de R$ 5,8 bilhões previstos para a educação. Em abril, o MEC informou o bloqueio de 30% de verba de custeio para as universidades e institutos federais. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi convocado para sabatina na Câmara nesta quarta-feira para tratar dos cortes.

Na última semana, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), atingida pelo contingenciamento, informou ter suspendido as bolsas "ociosas" de mestrado e doutorado.

Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio deverá voltar a ser valiado posteriormente.

Fonte: O Globo

Manifestantes na Candelária, no Centro do RIo, fazem manifestaçã contra bloqueio de verbas da educação Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Em Sorocaba, protesto de estudantes e professores contra o corte de verbas de 30% na Educação pelo governo do Presidente reuniu cerca de 5 mil pessoas Foto: Cadu Rolim/Fotoarena/Agência O Globo / www.fotoarena.com.br
Em Sorocaba, protesto de estudantes e professores contra o corte de verbas de 30% na Educação pelo governo do Presidente reuniu cerca de 5 mil pessoas Foto: Cadu Rolim/Fotoarena/Agência O Globo / www.fotoarena.com.br
Alunos e professores da Universidade Estadual Paulista "Júe Mesquitsquita Filho" campus Rir Claro participam de ato nhã desta Quarta-feira (15). A ação faz part parte da greve geral da eão, em prot protesto contra os cortes de verba para a educação, anunciados pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, e contra a reforma da Previdência. Os manifestantes fizeram concentração em frente à Universidade, e seguiram em passeata até o centro da cidade Foto: Daniel Lins/Fotoarena/Agência O Globo / www.fotoarena.com.br
Greve da educacao reune milhares de pessoas na manhã desta quarta-feira, em Brasilia. Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Greve da educacao reune milhares de pessoas na manha desta quarta-feira, em Brasilia. Foto: Daniel Marenco Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Greve da educacao reune milhares de pessoas na manha desta quarta-feira, em Brasilia. Foto: Daniel Marenco Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Protesto contra os cortes na educação no Largo do Rosário no centro de Campinas, interior de São Paulo, nesta quarta-feira Foto: Luciano Claudino/Código19/Agência O Globo / Agência O Globo
Protesto da Educação em AL - Nesta quarta-feira (15), Maceió recebe manifestação crítica aos cortes e à atuação do MEC. Protesto seguiu do Centro Educacional de Pesquisa Aplicada até o centro da capital pela Av. Fernandes Lima. Foto: Manolo/Fotoarena/Agência O Globo / Agência O Globo
Greve Nacional contra cortes na Educação. Professores, estudantes e trabalhadores da educação participam dos protestos na esplanada do Theatro Pedro II, no centro da cidade de Ribeirão Preto/SP. Foto: Fernando Calzzani / Photo Press / Agência O Globo / Agência O Globo
Manifestantes fazem ato de repudio, contra o corte de 30% das verbas da educacao publica, realizado em frente ao Campus da Reitoria da UFBA (Universidde Federal da Bahia), localizado na rua Augusto Viana, bairro Campo Grande, em Salvador, na manha desta quarta-feira Foto: MAURICIA DA MATTA/Photo Premium/Agencia O Globo / Agência O Globo

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