Nem mais, nem menos. São exatos 4 metros e 70 centímetros de comprimento. Este é o tamanho da mandioca colhida pela agricultora Zaedna Dias Carmo, na fazenda da família no povoado de Formosa, na zona rural de Itaberaba, a 264 km de Salvador.

Ela e o marido, Manuel, sabiam que seria difícil colher a raiz sozinhos, por isso fizeram um mutirão.

“A raiz cresceu tanto que rachou a terra por cima. Já dava para saber que era grande. Fizemos um digitório para arrancar o aipim. Chamamos os vizinhos para ajudar, e meu irmão, que veio passar o fim de semana, também participou. Deu muito trabalho para cavar”, conta a agricultora.
Medido com trena e pesado, o aipim alcançou 28 quilos. A lado dele, no mesmo pé, cresceram outras quatro raízes, juntas elas pesam mais de 80 quilos.

“Há cerca de três anos eles já tinham colhido uma raiz com 2 metros e 80 centímetros. Mas desta vez a gente ficou ainda mais surpreso, admirado em ver. E tem mais um pé, do mesmo tamanho, na mesma área”, conta Nilson Dias, irmão da agricultora.

A mandioca virou até atração na região, e vem atraindo curiosos que querem ver a raiz de perto. 

“Espalharam o vídeo da colheita nas redes sociais. O pessoal está vendo pela internet e vem medir para comprovar se é de verdade e se o tamanho é real”, completa a agricultora.

A mandioca é da variedade “aipim manteiga”, do tipo mansa, e pode ser consumida diretamente pelo ser humano. A família, que também planta feijão, melancia e abacaxi ainda está decidindo o que fazer com o achado. Como a raiz já está muito dura, não dá para cozinhar e nem serve mais para o consumo humano, mas pode ser usada como ração para os animais. 

Fenômeno Natural

Os especialistas acreditam que vários fatores contribuíram para o crescimento acima do comum. Um deles é o tipo de solo da região, arenoso, que favorece a expansão da raiz.

“Geralmente acontece dela ficar muito grande quando é uma planta isolada, cultivada na borda da plantação, do lado de fora. Ela não tem concorrência de espaço. Há uma disponibilidade maior de solo, água e luz, e consegue reservar mais nutrientes, crescendo mais. É um fenômeno natural”, explica o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o engenheiro agrônomo Joselito Motta, especialista no cultivo da raiz. 

O tempo de colheita também faz a diferença. A mandioca cultivada pela família baiana foi plantada há mais de dois anos, e foi colhida depois do tempo recomendado.

O especialista destaca que as variedades de mesa, as mandiocas mansas, geralmente chamadas de aipim ou macaxeira, devem ser colhidas entre 10 a 12 meses depois do plantio. Já as mandiocas bravas, que não podem ser consumidas diretamente, devido ao alto teor de ácido cianídrico, devem ser colhidas em até 18 meses.
“Se deixar passar este período, ela pode crescer ainda mais. Se torna raro porque, geralmente, o agricultor não deixa a raiz por tanto tempo embaixo da terra. E o fenômeno não se repete se a maniva que originou a raiz for plantada. Mas há até concursos para ver a raiz mais comprida, ou aquela que tem o formato diferente”, conta Motta.

Não há registro oficial sobre os tamanhos recordes de mandiocas colhidos no Brasil. Mas a Bahia tem tradição em colheitas inusitadas. Em 2014, uma outra mandioca gigante, com cerca de 5 metros e 50 centímetros, foi colhida na zona rural de Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado. Dois anos antes, uma raiz de 2 metros e 20 centímetros havia sido encontrada na mesma região.

Em 2016, uma mandioca de 112 quilos foi colhida no Ceará, e outra de 200 quilos cresceu no quintal de uma casa no sul paranaense.

A Bahia é um dos maiores produtores de mandioca do Brasil, junto com os estados do Maranhão, Pará e Paraná. Ano passado, segundo o IBGE, os agricultores baianos produziram mais de 1,5 milhão de toneladas de mandioca.

Fonte: Correio 24 Horas

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