Paralisação foi encerrada após acordo entre categoria e patrões. Rodoviários metropolitanos também encerraram greve e já voltaram ao trabalho.

Ônibus já estão circulando por Salvador.

A greve dos rodoviários do transporte coletivo de Salvador que teve início na madrugada de quarta-feira (23), foi encerrada na madrugada desta quinta-feira (24), após os representantes do sindicato da categoria realizarem assembleias nas garagens dos ônibus. A informação é do do Sindicato dos Rodoviários.

A assembleia para definir os rumos da greve foi divulgada na noite de quarta-feira, após um encontro entre empregados e patrões, mediado pela prefeitura, onde foi proposto e aceito um aumento salarial de 2,7%.

Conforme o sindicato, o acordo fechado na quarta-feira propõe ainda o reajuste no tíquete alimentação, que estava entre as reivindicações dos rodoviários. Ainda segundo os representantes da categoria, ficou decidido que as empresas vão pagar os custos da renovação da carteira de habilitação dos trabalhadores, mas o valor será descontado na folha de pagamento em 10 parcelas.


De acordo com informações de Fábio Motta, secretário de Mobilidade de Salvador, o plano de contingência montado para minimizar os efeitos da greve de ônibus estão mantidos até que toda a frota de coletivos esteja nas ruas.

Os benefícios também são válidos para os rodoviários metropolitanos que iniciaram a greve no mesmo dia em que os funcionários do transporte da capital baiana e também encerraram o movimento, na madrugada desta quinta. A informação é de Ailton Santana, secretário geral do Sindicatos dos Rodoviários Metropolitanos.

Na tarde de quarta-feira, representantes da categoria e dos empresários já tinham tentado um acordo em uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na capital baiana, mas não entraram em um consenso, mesmo após a Justiça propor um reajuste de 2,2%.

Diante do impasse, o caso seria levado para julgamento na segunda-feira (28), na sede do TRT, contudo uma nova mediação foi realizada pela prefeitura, que propôs o reajsute de 2,7%, aceito pelas duas partes.

Campanha salarial

Em campanha salarial há quase 2 meses, os rodoviários pediram, antes da greve, aumento salarial de 6%. Após mediação da Superintendência Regional do Trabalho (SRT) e Ministério Público do Trabalho (MPT), os trabalhadores reduziram para 5% e depois para 3%, mas não houve contraproposta dos patrões.

Com isso, os rodoviários sinalizaram a greve por tempo ideterminado e o MPT e SRT deixaram a mesa de negociação, alegando que, sem propostas do outro lado (patrões), não haveria acordo.

O presidente do sindicato dos rodoviários de Salvador, Hélio Ferreira, falou que a categoria tentou acordo e diminui o máximo para que se fizesse um reajuste. O aumento de acordo com a inflação seria de 1,9%, mas os representantes das empresas alegam que não têm condições de oferecer nenhum aumento.

O assessor de relações sindicais do Consórcio Integra, Jorge Castro, informou que o reajuste não poderia ser concedido porque o sistema de transporte da capital baiana passa por problemas financeiros e acumula prejuízos.

Conforme Castro, o prejuízo mensal do sistema é de R$ 10 milhões. Segundo ele, o faturamento mensal chega a R$ 77 milhões. No entanto, o custo para manter o transporte é de R$ 87 milhões.

O principal fator apontado pelos donos das empresas, como um dos motivos para esse prejuízo é a integração com o metrô, uma vez que 80% dos passageiros de ônibus da capital baiana são advindos desse modelo de transporte.

O prejuízo com a integração se dá porque, do total do valor da tarifa, que é de R$ 3,70, as empresas de ônibus ficam com R$ 1,46. Esse valor representa menos de 40% do total da passagem. Nos casos de meia passagem, o valor recebido pelos donos das empresas é de R$ 0,73.

Além disso, a expectativa mensal de passagens pagas nos ônibus da capital não é suprida. Dos 28 milhões esperados, os ônibus de Salvador têm recebido apenas 21 milhões e 820 mil.

Outros fatores apontados para os prejuízos no sistema de transporte estão a crise econômica, o volume de gratuidades, - incluindo a de policiais militares e trabalhadores dos Correios -, o transporte clandestino e a regulamentação dos taxistas.

O último reajuste dos rodoviários ocorreu em maio de 2017. Na ocasião, a categoria desistiu de entrar em greve após aceitar aumento de 5% nos salários. A proposta foi colocada à mesa em reunião com os patrões pela Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público do Trabalho (MPT), que fez a mediação do acordo.

A tarifa de ônibus em Salvador custa R$ 3,70. Esse valor passou a valer no dia 2 de janeiro deste ano. Antes era R$ 3,60.

Greve

Após a paralisação dos ônibus da frota regular, a prefeitura montou um esquema especial com linhas do transporte alternativo, como vans e micro-ônibus, para tentar minimizar os impactos da greve para a população. Mesmo assim, na quarta-feira, foram vistos poucos "amarelinhos", como são conhecidos os micro-ônibus, circulando em Salvador.

Alguns passageiros reclamaram da cobrança de tarifa maior do que R$ 3,70, preço regular da passagem de ônibus em Salvador, por parte dos veículos do transporte alternativo.

Metrô, mototáxis e trens dos subúrbio também foram opção para os passageiros. O movimento foi intenso no metrô durante a manhã. Nos trens do subúrbio, o fluxo foi menor do que o esperado. Já os mototaxistas, aproveitaram a demanda de passageiros e teve condutor que chegou a fazer 25 viagens em 1h30.

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