Por Claudete Mary Souza Alves e Carlos Antonio da Silva Lopes - UFBA

A capital baiana, a bela Salvador, tem uma área geográfica aproximada de 693 mil quilômetros quadrados, e uma população de 2.938.000 habitantes. A distribuição de 4.240 habitantes por quilômetro quadrado. Pensar numa cidade com 990 mil quilômetros quadrados, e população de 22.411 habitantes, logo nos leva a refletir sobre o desafio que é, para a população, dimensionar o espaço municipal onde todos vivem. A distribuição de apenas 22,6 habitantes por quilômetro quadrado representa uma clara diferença, qualidade de vida e conquistas que o lugar oferece a cada habitante.

Uma informação como esta, sobre a densidade de uma população no seu território, está disponível hoje a qualquer pessoa que tenha acesso a um computador ligado à rede Internet. O significado de uma nova realidade percebida por todos, ainda que não determine de imediato o que a população faz com o acesso à informação, é algo que pode, e deve promover uma reflexão em cada um de nós e, com toda certeza, agregar valor e poder de ação. A informação simples, objetiva, tem o seu valor e é a base para a transformação de uma sociedade. A dimensão do município, contraste tão marcante entre a capital baiana e a cidade de Piritiba, não é, no entanto, determinante para estabelecer comparação imediata sobre as condições de vida nas duas cidades, a primeira tipicamente urbana – a metrópole Salvador; Piritiba, por outro lado, com a sua condição rural e uma natureza dominante no entorno da sua população. A informação aponta, ao mesmo tempo, para o que temos ao alcance de todos, independentemente da idade e sem necessidade de um conhecimento sofisticado. O tamanho de uma cidade e a sua densidade populacional pode ser um dado meramente simbólico e, ao mesmo tempo, agregar valor e responsabilidade aos habitantes.

Enquanto escrevo esse texto, uma nova mensagem é enviada por uma colega que alerta sobre o território em que vivo, justamente na cidade de Salvador:  acaba de “cair a liminar que protegia o Rio Jaguaribe, ameaçado por iniciativa do poder municipal, por intenção de uma obra de canalização e concretagem que atingem nossas águas e áreas da Mata Atlântica”. A notícia me preocupa muito, pela consciência e também militância de pessoas e de amigos conscientes do valor ambiental remanescente a ser preservado na cidade e, mais do que isso, recuperado no território tão ocupado que é Salvador.  ONGs, especialistas e comunidade científica lutam, resistem, mas infelizmente vencem poucas batalhas contra o poder e interesse dominante, que atua desenfreadamente e sem respeito ao lugar, à inclusão de pessoas e, ao mesmo tempo, à integração humana mais harmoniosa às demais espécies, à vida em geral, às ações que nos levem a um futuro sustentável e de benefício coletivo.

Piritiba, sua história, a riqueza cultural da sua população de 22 mil habitantes, a sua vastidão verde e montanhosa que circunda ruas singelas e uma comunidade que se une em causas comuns, podem e devem se apropriar do conhecimento e fazer uso da informação que circula cada vez mais rapidamente no mundo digital. Mas uma certeza me vem: a de que as informações têm duas vias. E assim como Piritiba pode absorver a partir de conhecimentos externos, tem certamente muito a mostrar e compartilhar a partir das vivências e saberes próprios da sua população.

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