O distrito quilombola de Várzea Queimada, em Caém, foi palco da 10ª edição da Feira do Licuri realizada nos dias 19 e 20. O evento é organizado anualmente pela COOPES (Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina) e este ano contou com a participação de grupos e empreendimentos da agricultura familiar e da economia solidária das mais diversas regiões do estado.

Durante os dois dias aconteceram oficinas com diversos enfoques (ração animal, gestão de convênios, plantas xerófilas da caatinga), além de uma mesa redonda sobre a Lei do Licuri, autoria da deputada estadual Neusa Cadore, que reconhece essa palmeira como patrimônio biocultural da Bahia. Durante este debate, o Conselheiro Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, Francisco Campello, falou sobre a conservação dos licurizeiros, espécie que gera renda e oportunidades para milhares de famílias. Também esteve presente a fundadora da Associação de Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu, no Maranhão, que deu testemunho da sua luta para aprovar a lei estadual Babaçu Livre. As atividades tiveram participação expressiva de estudantes de escolas família agrícolas, professores representantes de centros de pesquisa, movimentos de agricultores familiares e organizações de movimentos sociais.

No segundo dia da Feira também foi realizada uma celebração ecumênica, além de lançamentos de livros e apresentações culturais diversas que mostraram a diversidade cultural do sertão, a exemplo da Orquestra Quilombola Sertaneja, que emocionou o público. Tiveram ainda barracas com produtos da economia solidária, samba de roda e concursos diversos como o da quebra do licuri, dos melhores pratos feitos com o ingrediente da festa e da rainha do licuri.

Para a deputada Neusa, essa festa representa a resistência, a diversidade cultural e a alegria do povo sertanejo. “Em tempos de golpe e desmonte das políticas sociais, pudemos testemunhar a energia e a força do nosso povo, que segue firme na luta para restabelecer a nossa democracia e para provar que é possível, sim, viver no semiárido com dignidade”. Também estiveram presentes os Bira Côroa e Fátima Nunes; o deputado federal Robinson Almeida; o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues; o filho do político e guerrilheiro baiano Carlos Marighella, o advogado Carlos Augusto Marighella; dentre outras autoridades.

Valdivino Araújo, um dos organizadores do evento, celebrou os avanços que já foram obtidos durante os dez anos de realização da Feira, que segundo ele ficou demonstrado inclusive na proporção que ela tem hoje, na aglutinação dos parceiros e no reconhecimento do trabalho realizado pelos grupos. Ao mesmo tempo, ele lamentou a perda recente de companheiros, a exemplo de José Raimundo Mota de Souza (Júnior) e João Bigode, militantes do Movimento de Pequenos Agricultores, vítimas da violência no campo.

Expedição dos chefes

Este ano, a Feira do Licuri recebeu a visita de chefes de cozinha de restaurantes de Salvador que foram conhecer de perto o trabalho dos agricultores familiares e analisar as potencialidades de uso do licuri na elaboração de diferentes pratos. E isso foi constatado na prática por pessoas da comunidade e convidados que puderam apreciar algumas receitas dos chefes. Dentre as iguarias estavam um bolo de licuri com calda de maracujá nativa, preparados pela chefe do restaurante Origem, Liziane Lima Arouca. “Eu utilizo muito o licuri no restaurante, são quatro diferentes sobremesas e mais cinco pratos salgados. Pra gente foi uma experiência sensacional ter o contato direto com os produtores”, destacou.

Lourivânia Soares
Ascom Neusa Cadore





















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